sábado, 17 de julho de 2010

Manifesto classista e combativo ao XXV Encontro Nacional de Estudantes de Ciências Sociais:



Entre os dias 16 a 23 de Julho, estará acontecendo na UFPA-Belém o XXV ENECS, que terá como tema: "Impasses e Contradições na Formação e Atuação do Cientista Social". Este Encontro partiu de uma deliberação da Plenária Final do último XXIV ENECS, mas só “começou” a ser construído no burocrático CONECS (Conselho Nacional de Estudantes de Ciências Sociais) – realizado em Janeiro na cidade em Maceió – o qual foi encaminhado sem as devidas e necessárias discussões e com a ínfima participação do conjunto dos estudantes. Pela própria programação podemos observar o extremo academicismo e momentos festivos.

Breve Análise


O movimento estudantil como um todo e o de ciências sociais em particular se encontram estagnados e burocratizados. Vemos isto na clara ausência de mobilização e lutas concretas. A antiga FEMECS (Federação do Movimento Estudantil de Ciências Sociais), que teve curto período de vida (1997 a 2001), selou o fim da existência de uma estrutura orgânica a nível nacional. Isto se deu pela atuação de partidos eleitoreiros (PT, PCdoB etc) que trouxeram prática burocrática para a Federação, que a isolou paulatinamente dos estudantes, fazendo-a perder sua legitimidade e levando ao seu definhamento prático em 2001.

Atualmente esta tendência burocrática continua viva e se beneficiando da desorganização. Seu maior exemplo são os grupos hegemônicos do M.E, que se utilizam de práticas legalistas e cupulistas, e não levam ao rompimento de fato com o governismo, ou seja, não rompem efetivamente com a UNE (que há muito está vendida ao governo), nem com o reformismo em geral. A pelega UNE através de seus partidos dirigentes (PT/PCdoB/UJS), se mostra como exemplo concreto da transição pacífica do movimento estudantil para o controle do Estado a partir da administração Lula/PT (2002-2010), onde as alianças da sua burocracia com o governo e a burguesia subjugam a força coletiva dos estudantes a partir do desmonte ideológico de nossas reivindicações materiais e do desmantelamento de nossas organizações, degeneradas em corporativismo, burocracia e submissão à orgia das eleições burguesas.

Além disso, temos também o setor para-governista do PSTU e o PSOL, que mantém um posicionamento dúbio/conivente em relação a UNE. Essas organizações partidárias reformistas têm como concepção de movimento a articulação da luta pela cúpula, ou seja, através de partidos e correntes estudantis, mais interessados em conquistar as entidades e os aparatos, impedindo assim o desenvolvimento de um movimento real de massa combativo e o protagonismo (ação direta) dos estudantes pela base. Por outro lado, existe uma atitude crescente no Movimento Estudantil que se diz apartidário e contra os partidos, mas que faz um papel igual ou pior que os partidos eleitorais. Desmobilizam o Movimento Estudantil apostando no individualismo e na “confluência espontânea de idéias”, que podemos identificar como um tipo de liberalismo pequeno-burguês envolto de palavras e símbolos “libertários”.

Este XXV ENECS não deve fugir desta conjuntura política descrita. A estrutura/organização e vontade política destes setores é baseada nas práticas que apenas assolam o Movimento Estudantil num profundo imobilismo, “fanfarronagens” e afastamento das bases para a luta real. Mas devemos nos organizar para modificar esta realidade!

Lutar para Organizar, Organizar para Lutar:

Para romper com esta lógica conjuntural precisamos pensar uma nova prática político-organizativa. Nós da Rede Estudantil Classista e Combativa, que estamos organizados em outras universidades do Brasil e em outros Cursos também, convocamos os estudantes combativos de Ciências Sociais a estarem construindo conosco uma rede nacional de que atue na base através de coletivos de curso (o que já começamos com os coletivos LutaSociais no DF e RJ) e defenda os seguintes princípios: a) Anti-governismo (Contra a UNE, o PT, UJS e as políticas neoliberais do Governo Lula para Educação), b) Combatividade (a qual entende que só através da ação direta dos estudantes e trabalhadores conseguiremos avançar nas conquistas), c) Classismo (Onde devemos ligar o movimento estudantil proletário à construção de um movimento nacional de oposição sindical e popular), d) Democracia de Base (Aonde as deliberações/discussões venham da base, das assembléias de cursos, com a eleição de delegados com mandatos imperativos e revogáveis e a construção de um Congresso de Curso).

Seguindo este pensamento e visando a construção de uma estrutura orgânica nacional combativa e democrática, defendemos para este ENECS de 2010 que seja encaminhada a realização de um congresso estudantil de ciências sociais para 2011, feito pela base, com tiragem de delegados em assembléias por curso, com critérios definidos, que seja o caminho para uma maior mobilização e discussão dos estudantes. Deste modo apontamos que o congresso deve ter como pauta 4 pontos de discussão: 1) organização e concepção do Movimento Estudantil de Área; 2) universidade e conjuntura; 3) formação em ciências sociais, onde estaria em discussão o currículo e o projeto político-pedagógico do curso; 4) sociologia no ensino médio.

Propomos que a própria realização de congressos (anuais ou bianuais) seja um elemento orgânico dessa futura organização, que poderá se estruturar da seguinte forma: 1) Congresso Nacional: delegados eleitos por assembléia geral dos cursos - órgão deliberativo nacional máximo; 2) Plenária Nacional de Delegados de Base - órgão deliberativo regular intermediário composto por membros eleitos nas assembléias geral dos cursos; 3) Executiva Nacional - órgão de direção e encaminhamento político, subordinado a Plenária e Congresso.

Para que isso se concretize a nível nacional precisamos nos organizar a nível local, nos Movimentos de Área. Para que essas lutas estejam mobilizadas, é preciso levá-las para as bases, isto é, para os DA's e CA's, permitindo assim um acúmulo de discussão e apontamentos práticos para o combate ao oportunismo de esquerda e ao sucateamento da Educação. Por isso, chamamos a todos os estudantes, sinceros lutadores, que desejam agir contra os ataques dos empresários, governos e seus lacaios, para construir uma educação que sirva verdadeiramente ao povo e não a burguesia!


Sem organização para a luta nos tornamos reféns do oportunismo de esquerda e da burguesia!

Viva a ação direta de estudantes e trabalhadores!

Por um Congresso de Base!