terça-feira, 26 de agosto de 2014

MANIFESTO AO XXXIII ENCONTRO NACIONAL DOS ESTUDANTES DE HISTÓRIA

Os Encontros Estudantis tiveram seu surgimento na década de 1970, como resposta à ampliação da repressão do governo militar de Médici, que se utilizou de todas as forças para liquidar os lutadores do povo que se puseram nas ruas contra a ditadura civil-militar. Os estudantes passaram a se reorganizar através desses encontros, buscando uma luta no interior das Universidades, mas que não se limitava às estruturas dessas, e que pautavam também o combate à ditadura. Aos poucos foram se consolidando os Encontros Nacionais Estudantis de diversos cursos, que tinham como objetivo a discussão política e de organização das bases. 

Com o passar do tempo, o fim da ditadura e ainda a reorganização dos setores reformistas (PT, PCdoB, PCB), os encontros de área foram se modificando, se transformando em espaços de disputa eleitoreira e perdendo o caráter de discussão estratégica do Movimento Estudantil de base, resultando em um imenso espaço festivo e turístico, como é atualmente, e nas discussões políticas, local de disputa entre os diversos partidos e correntes governistas e paragovernistas (PT, PCdoB, PSOL, PSTU, PCO e PCB), que se nutrem dos aparatos, disputando as entidades a todo custo. Desde então, a construção de base tem sido deixada de lado, sendo valorizadas apenas as superestruturas, com características festivas e voltadas para que os estudantes possam viajar à baixos custos para cidades turísticas. A despolitização do estudantado e dos encontros, portanto, é também o resultado da maneira como os ENE’s têm sido conduzidos nos últimos anos.

As jornadas de luta (2013-2014) e o MEHIS

No ano de 2013, a partir de junho, presenciamos no Brasil uma transformação no cenário de lutas, com diversas manifestações de rua que chegaram à confrontos com as forças repressivas do Estado, nos apresentando cenas bastante semelhantes as do período da ditadura. Também houveram prisões arbitrárias, em que diversos militantes foram presos em suas casas, juntamente com livros, camisetas etc, considerados materiais perigosos. Nesse sentido, é importante refletirmos sobre a importância dos encontros de área para o novo cenário de lutas que se estabelece desde então.

O XXXIII ENEH apresenta um bom tema para que essa discussão seja feita, no entanto, não vale de nada se as discussões forem feitas na superestrutura mas não chegarem às bases, garantindo a aplicação das políticas definidas nacionalmente, em cada localidade. Tampouco adianta que as discussões surjam somente no Encontro Nacional. Nós da RECC (Rede Estudantil Classista e Combativa) defendemos a construção das discussões previamente, nas bases, através dos pré-encontros e também das estruturas locais e regionais, para que o acúmulo seja levado à estrutura nacional, pois só assim há participação efetiva da base e há retorno, possibilitando a aplicação das políticas deliberadas.

O ENEH deve ser espaço para análise e discussão das estratégias do MEHIS (Movimento Estudantil de História) diante do novo cenário de lutas no Brasil, convertendo a radicalização das ruas em radicalização das lutas também no interior das Universidades, bem como convertendo a radicalização nas Universidades às ruas. Contudo, além da radicalização, é necessário pensar a organização do MEHIS, de modo que os estudantes sejam agentes de sua própria ação, e que a FEMEH (Federação do Movimento Estudantil de História) seja o resultado da vontade e disposição dos estudantes de História de todo o País, construída de maneira democrática nas bases.

Nesse sentido, também é necessário compreender o papel dos governistas (PT e PCdoB) e paragovernistas (PSOL, PSTU, PCO e PCB), que estiveram durante as manifestações tentando conter a fúria popular nas ruas, defendendo manifestações pacíficas, chegando a ações mais graves, como por exemplo a delação de militantes, demonstrando o verdadeiro lado que assumem na luta de classes. Atualmente, aproximado o período eleitoral, os paragovernistas tentam se colocar favoráveis às lutas ocorridas, em defesa dos que acusaram anteriormente de “vândalos”, pois pretendem, através desse discurso, angariar votos da juventude combativa que esteve bravamente nas ruas, enfrentando a repressão do velho Estado.

Sendo assim, para uma construção partindo das bases, é necessário negar e combater o oportunismo dos partidos eleitoreiros dentro das estruturas do MEHIS, negar as estruturas e direções burocráticas que esses tentam aplicar à FEMEH e às entidades de base em cada localidade. Também é fundamental a (re)construção das estruturas locais e regionais, aprofundando cada vez mais a discussão e aplicação das políticas nas bases, em cada Universidade, em cada cidade, em cada região, para a Federação.
Plenária do Coletivo Tempo de Luta realizada durante o XXXIII ENEH

A RECC tem se pautado na construção de oposições e coletivos de curso locais, desde 2009, apontando a importância de um Movimento Estudantil pautado na combatividade e em um programa classista, que apresente uma alternativa ao atual modelo reformista e governista das entidades estudantis. Nesse sentido, chamamos a construção do Coletivo Tempo de Luta (CTL), com o objetivo de apresentar essa disputa no MEHIS, partindo das bases, em cada localidade, combatendo a burocracia estudantil, e pela reconstrução da FEMEH pela base!

POR UMA FEMEH CONSTRUÍDA PELAS BASES! POR UM MEHIS DE LUTA!
FORA UNE E ANEL! ABAIXO AS BUROCRACIAS ESTUDANTIS!
NÃO VOTE! LUTE!!!

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