quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

18º Encontro Nacional dos Estudantes de Geografia

Manifesto da Rede Estudantil Classista e Combativa ao XVIII ENEG



Entre os dias 12 a 18 de Janeiro, ocorrerá, na UFAL (Maceió/AL), o XVIII Encontro Nacional de Estudantes de Geografia – ENEG. É necessário que nós estudantes de geografia façamos uma breve análise da conjuntura na qual está inserido tal encontro para assim vislumbrar as tarefas necessárias para reorganizar o Movimento Estudantil (ME).

O quadro atual do ensino superior brasileiro é alarmante. A Reforma Universitária demonstra que mesmo sendo aplicada de forma fragmentada (dificultando a resistência a tal programa) faz parte de um todo articulado, aprofundando o processo de apropriação capitalista das Instituições de Ensino Superior. Tal afirmação tem sua comprovação no caráter de programas como o Prouni, que transfere as riquezas dos trabalhadores para o empresariado das faculdades privadas; o recente repasse de $ 1 bi do BNDES para as “privadas”; a Lei de Inovação Tecnológica que transforma a universidade em espaço de produção de ciência tecnologia para empresas; a proliferação das fundações privadas e cursos pagos; o REUNI, decreto presidencial que visa a precarização da educação e do trabalho nas Universidades Públicas. A Luta em Defesa dos Trabalhos de Campo na geografia deve se inserir, portanto, dentro de uma luta maior contra precarização da educação e CONTRA O REUNI.

As reformas neoliberais implementadas no Governo Lula aprofundaram um processo de crise de legitimidade da União Nacional dos Estudantes -UNE e dos partidos governistas PT e PCdoB/UJS. O ataque contra os trabalhadores e estudantes, as políticas de privatização e precarização da educação e das relações de trabalho ajudaram a desmascarar o caráter de classe do Governo Lula e da UNE para parcelas significativas de estudantes, abrindo assim um processo de ruptura com o governismo.


(RE)ORGANIZAR O MOVIMENTO ESTUDANTIL DE GEOGRAFIA!

Atualmente no ME brasileiro existe o que se chama de “movimentos de área”, que agrupam os estudantes de determinado curso, no caso o de Geografia. Mas o que se vê é que, longe de serem espaços para organizar as lutas dos estudantes, tais espaços dos Movimentos de Área como os Encontros Nacionais são verdadeiras colônias de férias pequeno-burguesas, onde desde a base se cria um clima festivo, de esvaziamento dos debates e das disputas políticas, onde os que participantes não estão representando as bases organizadas e sim participam aqueles com tempo, dinheiro e vontade de “curtir a viagem”. O ENEG e o ME de Geografia se inserem em tais críticas, e a burocratização e a desorganização vão se aprofundando sob uma defesa pseudo-participativa (contra o voto e representatividade). Se lançar na tarefa de reorganizar a luta é analisar concretamente o que deve ser modificado.

Se beneficiando diretamente das práticas despolitizantes e “fanfarristas”, está a burocracia governista do movimento estudantil, PT e UJS/PCdoB, que visa matar a capacidade política de luta e combate, construir uma “direção sem base” e sem mobilização. A UNE que esta comprometida até o último fio de cabelo (politicamente e financeiramente) com o Governo Lula e com grandes capitalistas, se coloca então na outra trincheira da luta de classes, como inimiga dos estudantes e dos trabalhadores. Portanto, é necessário compreender que a luta contra os ataques do Governo, será também a luta contra o governismo no ME, ou seja, contra a UNE.

Se apresentando como uma alternativa para o ME, a Assembléia Nacional dos Estudantes Livre – ANEL, nasce como a concretização da política liquidacionista da direção da CONLUTAS (PSTU), que diante ao processo de rompimento com o governismo demonstrou sua incapacidade política de reorganização das lutas em seu sentido anti-governistas. Portanto, a ANEL não rompe definitivamente com a UNE, podendo participar setores de dentro da UNE, tal como o oportunista PSOL; em nome de uma abstrata “unidade”, aplica uma política a reboque do governismo; reafirmando também o reformismo e o legalismo, aprovando no CNE o “apoio a candidaturas” e tendo como estratégia “de luta” pedir medidas provisórias de Lula, entregar abaixo assinados e Projetos de Lei.

Também há no ME de Geografia aqueles setores que se auto-intitulam como “apartidários”, “autonomistas”, “horizontalistas”. Não menos reformistas, burocráticos e liberais, tais setores são característicos por sua defesa anti-organizativa, sendo assim, nocivos a luta dos estudantes. Reivindicam o atual modo de organização (ou seria desorganização?) da CONEEG, defendendo uma pseudo “participação de todos”, onde aqueles que participam dos espaços de deliberação central do movimento (ENEGs e CONEGEOs) não tem responsabilidade perante a base de centenas de estudantes, o que claramente burocratiza o ME.


CONSTRUIR UM MOVIMENTO NACIONAL DE OPOSIÇÃO

Nós da Rede Estudantil Classista e Combativa – RECC, que estamos organizados em outras universidades e cursos, acreditamos que é necessário retomar desde já a tarefa de reorganizar o movimento estudantil, como um todo, e o ME de Geografia, em particular. Para tal acreditamos ser necessária a construção de uma oposição nacional de Geografia, organizada pela RECC, que tenha claramente uma linha: a) anti-governista: Contra a UNE, o PT, UJS e as políticas neoliberais do Governo Lula para Educação; b) combativa: que só através da ação direta dos estudantes e trabalhadores se conseguirá avançar nas conquistas; c) classista: onde devemos ligar um movimento estudantil proletário a construção de um movimento nacional de oposição sindical e popular.

Tal oposição deve estar atuando nos CA’s/DA’s com uma linha que garanta o poder das bases estudantis e que dispute as entidades de base levando nossa política combativa. Defendemos como estrutura organizativa para os CA’s/DA’s: direção colegiada (com revogabilidade de mandatos) + GT´s abertos, assembléia geral do curso como órgão deliberativo regular.

Para a construção de um ME de Geografia classista e combativo, acreditamos ser necessário quebrar com o caráter pequeno-burguês e anti-democrático dos “Encontros Nacionais”, para tal, nós da RECC propomos para a organização do movimento de área: 1) Congresso Nacional - delegados eleitos por assembléia geral dos cursos, órgão deliberativo nacional máximo; 2) Plenária Nacional de Delegados de Base – órgão deliberativo regular intermediário composto por membros eleitos nas assembléias geral dos cursos; 3) Executiva Nacional: órgão de direção e encaminhamento político, eleito nos Congressos e subordinado a PLENÁria e Congresso.

Acreditamos que a luta por um Universidade Popular e a serviço da classe trabalhadora, do campo e da cidade, essencialmente perpassa também pela luta acadêmica por uma ciência também a serviço do trabalhadores, e enquanto Geógrafos, por uma Ciência Geográfica Crítica e Revolucionária, que esteja lado a lado nos enfrentamentos do proletariado, produzindo uma Geografia verdadeiramente comprometida com a causa do povo.

Diante de todas essas tarefas, e em um momento tão difícil para aqueles que não se venderam e capitularam ao reformismo e ao capitalismo, nesse atual momento de refluxo da política combativa, nós estudantes proletários, acreditamos ser nossa tarefa desde já iniciar esse processo de reorganização do Movimento Estudantil com uma linha Classista e Combativa, e dizemos a todos os oportunistas e burocratas de plantão: Não nos envergaremos como uma vara verde! Permanecermos confiantes e intransigentes nas trincheiras de nossa classe!


POR UM CONGRESSO DE BASE!

CONSTRUIR UMA OPOSIÇÃO NACIONAL NA GEOGRAFIA!

COMBATER A UNE E AS REFORMAS NEOLIBERAIS!



Rede Estudantil Classista e Combativa, Janeiro de 2010.

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