sábado, 12 de setembro de 2009

Comunicado da RECC-UFF, N° 1, ano-1, setembro/2009


O BALANÇO DAS ÚLTIMAS LUTAS ESTUDANTIS E A ATUAL CONJUNTURA


O movimento estudantil no Brasil e aqui na UFF se encontra em declínio no que diz respeito as lutas e mobilizações, já que as poucas realizadas não conseguem ter uma continuidade. Esse cenário é resultado da prática política vigente dos setores majoritários do movimento estudantil (PT/PC do B) representando a ala governista, isto é, estão ao lado do governo Lula, empresários e do Estado e (PSOL/PSTU) representando o para-governismo, isto é, falam em nome dos estudantes como seus representantes através de discursos demagogos, levantam algumas poucas bandeiras históricas, mas na prática reforçam a prática governista. Assim nos últimos anos poucas foram as mobilizações que alcançaram alguma vitória, pois como falamos anteriormente não houve uma continuidade. Apresentaremos neste texto as lutas combativas que ocorreram nos últimos dois anos e o porque de essas não ter avançado, para depois falarmos da atual conjuntura, especificamente o atual cenário da UFF.

No ano de 2007, ocorreram duas lutas significativas do movimento estudantil: o ato combativo pelo passe livre no Rio de Janeiro, que contou com a presença de cerca de 5.000 estudantes universitários e secundaristas; e a ocupação da USP. No primeiro caso, uma possível continuidade de mobilizações e lutas radicalizadas foi abandonada, devido a prática dos setores dominantes do movimento estudantil que a privilegiaram a burocracia em detrimento da ação direta. Essa política afastou os estudantes da luta, o que favoreceu o enfraquecimento da mobilização, além da possibilidade avançar para outras pautas específicas. No caso da USP, que foi iniciada por estudantes combativos independentes e de outras organizações menores, os setores para-governistas boicotaram a ocupação. Esse boicote foi visto em duas assembleias da ocupação que o PSOL e PSTU votaram pelo fim da mesma. Esse fato comprova a nossa tese: o para-governismo faz a política que o governismo quer, sem precisar deste ao seu lado.

O ano de 2008 a ocupação da UNB que se iniciou com caráter combativo, classista e independente, tinha como pauta de luta não somente as questão das fundações privadas, mas também a luta contra a burocracia dos conselhos universitários1, etc. Esta ocupação também foi capitulada pelos setores governistas e para-governistas, além de ter tido a ajuda direta da mídia e alguns políticos de Brasília dando ênfase na questão da corrupção, camuflando o verdadeiro sentido e objetivo da ocupação. No ano passado (2008) no 2° semestre, ocorreu na UFF a continuidade da luta contra o REUNI, através dos piquetes e assembléias comunitárias realizadas contra a estrutura autoritária, burocrática e elitista dos colegiados, principalmente no Instituto de Ciências Humanas e Filosofia (ICHF), com as assembléias foi possível se organizar contra o curso de segurança pública para graduação (que foi barrado graças aos piquetes), a fragmentação do curso de ciências sociais, etc. Após a realização de uma Assembléia Comunitária com cerca de 300 estudantes, onde foi aprovado a revogação do projeto de expansão do ICHF (projeto este que caracterizava a fase de implantação do REUNI localmente, assim como objetivos pessoais da própria direção do Instituto), estava mais do que claro que a organização coletiva dos estudantes aliada ao método da ação direta, quebravam a lógica burocrática de negociação, nos possibilitando o caminho para vitórias mesmo que parciais. Mas o que vimos foi a atuação de forças do movimento estudantil, então encabeçado pelo PSOL(campo majoritário no DCE), que capitularam novamente, levando a luta para a burocracia, privilegiando o acordo de cúpula em detrimento da ação direta dos estudantes. Isso permitiu que fosse realizado um seminário sobre o projeto de expansão, onde os professores e diretoria do Instituto, favoráveis ao próprio projeto ganhassem espaço e legitimidade, deslegitimando assim as assembléias comunitárias e toda mobilização estudantil. Esta atuação do campo para-governista mostra como estes servem de blindagem protetora para as propostas governistas ao agirem covardemente de forma legalista e pacifista. Como resultado deste processo: enfraquecimento e desmobilização das lutas estudantis.

Sendo assim, a conjuntura do movimento estudantil atualmente na UFF aprofunda o retrocesso do ano anterior: pouca luta, pouca mobilização e principalmente quase nenhuma vitória do movimento. Isso se verifica atualmente pelo modo como o DCE está encaminhando e apresentando as lutas. Neste 2° semestre (2009) a “bandeira da vez” é a luta contra os cursos pagos através de plebiscitos e abaixo-assinados. Explicaremos alguns motivos que tal política poderá levar os estudantes a uma nova derrota: 1) o plebiscito que o DCE está chamando, é apenas um modo de consultar os estudantes acerca de uma determinada questão, e que mesmo todos sejam contra os cursos pagos, isso não levará ao fim dos cursos pagos, uma vez que tal resultado passará pelo CUV (conselho universitário) que só aprova os projetos de interesses do capital e do Estado, produzindo e reproduzindo a lógica excludente e elitista da universidade; 2) Mesmo o CUV votando a favor do fim dos cursos pagos, estes continuarão a existir, pois essa aprovação pode ser meramente simbólica. Como exemplo de tal situação, temos a moradia estudantil aprovada há mais de 6 anos e até hoje nunca saiu do papel. Isso demonstra que só conseguiremos nossos direitos com muita luta; 3) a luta contra os cursos pagos não pode ser separada das outras lutas estudantis e sindicais, como a luta pela moradia estudantil, contratação de professores e técnicos administrativos, fim do vestibular, etc. Essa luta isolada é utilizada de forma oportunista “camuflando” as outras demandas que estão relacionadas entre si. O oportunismo se dá principalmente pela aproximação das eleições para o DCE e este que desde a capitulação no ano passado não se apresenta nas lutas, chama plebiscitos. Esta prática serve para a manutenção da universidade como é e não rumo a uma universidade popular que seja construída pelo povo e a serviço do mesmo; 4) Por último, para que essas lutas estejam mobilizadas, é preciso levá-las para as bases, isto é, para os DA's ,CA's e oposições, para que haja um acúmulo de discussão e apontamentos práticos para o combate aos cursos pagos e outras demandas. Não podemos esperar que o DCE de cima para baixo consiga organizar os estudantes.

Assim, a RECC (Rede Estudantil Classista e Combativa) chama todos os estudantes insatisfeitos com o atual movimento estudantil a participar das reuniões da rede, para que possamos fortalecer os DA´s combativos e oposições aos DA's e DCE's pelegos que desmobilizam os estudantes e reproduzem a exploração de classes.

É necessário construir debates que apontem para uma reflexão e chamem para a luta real, onde o estudante pobre se torna protagonista da transformação social em seu local de estudo, portanto não podemos nos perder em frases ou palavras de ordem vazias, mas pelo contrário nos organizar dentro de nossas capacidades e utilizar os meios necessários para combater o avanço liberal que privatiza e elitiza a educação. A luta contra os cursos pagos é a luta contra a mercantilização da educação, mas não podemos de forma alguma nutrir esperanças naqueles que outrora traíram o movimento. Não podemos nos enganar, mas sim lançar-se a luta com unhas e dentes! Por isso estamos construindo e convocamos todos ao debate:


“O RESGATE DAS LUTAS ESTUDANTIS E A ATUAL CONJUNTURA”

Exibição de documentário sobre mov. Estudantil em 68 e filme “O que é isso companheiro”, em seguida debate com prof. Haroldo de Abreu.

DIA: 16/09/2009 ÀS 18:00 HS
LOCAL: UFF- Bloco – E, sala 405
(Niterói- RJ)

Este debate é organizado pelo SERVIÇO SOCIAL EM LUTA, que integra a RECC.


AVANTE A RECC!!!
AVANTE O MOVIMENTO ESTUDANTIL CLASSISTA E COMBATIVO!!!



A próxima reunião da RECC- UFF, ocorrerá dia 21/09/09, no 2° andar do bloco E sala 204 (ao lado do DAMK) , às 19:30. Outras informações com os integrantes do Serviço Social em Luta.

2 comentários:

estudante de seso uff disse...

o debate foi ótimo, estão todos de parabéns! é necessário que os atuantes no movimento estudantil tenha bem claro o que aconteceu no passado, para agirem acertadamente hoje!
que venham os proximos debates, mobilizações e atos!!!

Avante o Seso em Luta!
Avante a RECC!

Anônimo disse...

Que bom que o debate foi produtivo!
Os camaradas do Seso em Luta podiam reativar o blog, colcando os informes, análises, etc!

Avante os camaradas classista no Rio e no Brasil!