domingo, 21 de outubro de 2012

Avaliação do 31º ENEH - Encontro Nacional dos Estudantes de História



O XXXI ENEH em meio aos ataques neoliberais do governo Dilma/PT-PMDB!

Entre os dias 14/07 e 21/07 de 2012 ocorreu o XXXI ENEH - Encontro Nacional de Estudantes de História, que contou com cerca de 400 estudantes, sendo um encontro relativamente esvaziado e um tanto despolitizado. Cabe-nos então, entendermos por que isso aconteceu.


O encontro ocorreu após a não realização do ENEH em 2011. Apesar de ter sido realizado um Seminário de Formação Política - 2011, o mesmo não supriu o vácuo político motivado pela não realização do ENEH. Sendo assim, houve um esforço da Federação do Movimento Estudantil de História-FEMEH para garantir que o evento acontecesse em 2012.

O ENEH se realizou na UNIFESP-Campus Guarulhos, primeira universidade a entrar em greve estudantil em Abril por diversas demandas como a falta de estrutura da universidade, convertendo-se em vanguarda na luta estudantil que varreu as universidades Brasil afora em 2012. Os estudantes da UNIFESP foram duramente reprimidos quando ocorreu no dia 14/06 à reintegração de posse realizada de forma truculenta pela policia de Alckmin/PSDB que levou 26 estudantes como presos políticos. Paralelamente, o ANDES-SN e SINASEFE orientaram suas bases para a construção de uma importante greve no ensino federal (básico e superior) que poderia ter levando a educação a uma Greve Geral. É nesse contexto de greve e repressão que ocorreu o ENEH 2012.

No entanto, os Encontros de História, assim como muitos outros encontros estudantis, sofrem com o turismo e demais desvios os quais despolitizam e esvaziam os espaços mais importantes para os rumos políticos dos estudantes de História, além do fato da FEMEH ainda estar ligada organicamente a UNE governista.

O GOVERNISMO NO MOVIMENTO ESTUDANTIL DE HISTÓRIA

O M.E de História, assim como diversos outros cursos, sofrem diretamente os ataques do governo e ficam neutralizados pelos representantes/defensores do governo em seu meio. Temos um duplo inimigo, o governo e o governismo. No nosso caso, encontramos o Levante Popular da Juventude/Consulta Popular que em algumas mesas saiu abertamente em defesa do Governo Lula/PT, afirmando que este “havia sido muito bom para a classe trabalhadora”. Temos também a Juventude do PT/UNE que sai em defesa do governo, tentando criar a cortina de fumaça necessária para a não identificação do inimigo imediato que é o governo. Assim, este encontro demonstrou um claro controle do governismo, mas acreditamos que nossas intervenções polarizaram e trabalharemos para construir o polo anti-governista no ME de História.

A INTERVENÇÃO DO COL. TEMPO DE LUTA NO XXXI ENEH E O COMBATE AO GOVERNISMO

Está claro a todos que Dilma/PT-PMDB se apresenta como inimiga da educação ao cortar R$ 3,1Bi(2011) e R$ 1,9Bi(2012) do orçamento para a educação e ao tentar aprovar o Plano Nacional de Educação (PNE) de caráter privatista e neoliberal. Apesar de toda essa conjuntura de ataques a educação, no XXXI ENEH não houve uma mesa para debater as greves, os cortes e o PNE, um plano decenal para a educação. Avaliamos isso negativamente, porém tentamos suprir esta demanda convidando estudantes do povo para um debate sobre o PNE onde foi feito uma relação com as propostas do governo Lula-Dilma/PT para a educação e a participação da UBES/UNE governistas na elaboração e defesa dessas propostas.

No debate expomos nossa divergência com a campanha dos 10% do PIB para a educação encabeçada pelo governismo da UNE e pelo para-governismo da Oposição de Esquerda(O.E.) da UNE(PSOL) e ANEL, entidade estudantil que, no discurso se propõe a organizar os estudantes por fora da UNE mas, que não o faz na prática, indo sempre a reboque da mesma. Explicamos porque devemos construir uma campanha Abaixo o PNE NeoLiberal de Dilma/PT-PMDB, que coloque a centralidade na derrota do PNE e suas metas privatistas e não no seu financiamento. Participaram estudantes de Bahia, Ceará, Goiás, Basília, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraná e Rondônia.

Nos GD's de Opressões, intervimos no de negros e negras e no de mulheres, apresentando um corte classista para estes setores, diferenciando as mulheres e negros ricos dos pobres, pois estes últimos são as reais vitimas das mazelas do capitalismo. Apesar das discriminações de gênero e étnico-raciais serem anteriores ao capitalismo, este irá aprofundá-las para melhor superexplorar os trabalhadores que compõem esses segmentos. Portanto, armados com um programa classista, vemos que, combater as discriminações de gênero e étnico-raciais também é lutar contrao capitalismo. Atacamos o governo federal e seus projetos para a educação, visto que, os negros e negras já são os principais afetados pelo PROUNI, FIES, indo em geral estudar nas universidades privadas através desses projetos. O governo opta por retirar verba pública e investir na universidade privada ao invés de garantir estrutura para ampliar o numero de vagas nas universidades públicas.

No segundo dia de GD's recebemos a informação de que a COENEH uniu todos os GD's (Currículo, Regulamentação da profissão, Abertura dos arquivos, FEMEH) em um único espaço. Isso foi negativo pois diluiu a discussão impossibilitando aqueles que tinham propostas para os eixos as apresentasse e as debatesse qualificadamente como havia sido no dia anterior. Neste momento o governismo da Consulta Popular apresentou a proposta de mudança de estatuto da FEMEH a ser levado para a plenária final. Fomos contrários e afirmamos que isto só poderia ocorrer em um congresso de base. O governismo oportunamente afirmou que “todo congresso é estatutário”. Nossa proposta de congresso claramente neutralizou o governismo evitando um possível novo ataque ao ME da História.

Assim ficou claro que a junção os GD's em um único espaço evitou o debate de currículo, que os camaradas do Coletivo Somos Todos Nós (UERJ-Maracanã) dominavam, previa aprovar a mudança de estatuto, além de tentar neutralizar o pólo anti-governista que vinha se formando conosco do Coletivo Tempo de Luta-CTL, Coletivo Quebrando Muros-PR, Coletivo Aurora-PE e estudantes de outras localidades.

O Para-Governismo da ANEL durante quase todo Encontro pouco se manifestou. Na plenária final, diante da proposta de que a UNE não fala em nome dos estudantes em greve, e que somente o Comando Nacional de Greve Estudantil(CNGE) tem respaldo para tal, ANEL e PSOL titubearam para ir defender a proposta cabendo a um companheiro do Coletivo Tempo de Luta-CTL fazê-lo onde este dividiu seu tempo com um militante do PSOL que reafirmou nossa proposta. Na intervenção nossa militância fez um pequeno balanço do CNGE, que este tinha muitos problemas, controlado pelo Para-Governismo do PSOL(O.E. UNE) e ANEL, mas, que este era o único órgão que representa os estudantes em greve. A maior disputa do PSOL foi à aprovação de uma moção de repúdio contra a diferenciação de preço entre homens e mulheres no Churrasco promovido por uma comissão de estudantes (CHURREH), incorrendo novamente no debate de gênero de caráter pequeno-burguês.

COMBATER A DESPOLITIZAÇÃO E A DESORGANIZAÇÃO É LUTAR CONTRA O GOVERNISMO

O XXXI ENEH apesar de uma boa programação, demonstrou alguns problemas cuja principal foi o esvaziamento das mesas, ao passo que as atividades festivas estavam sempre lotadas. Assim precisamos realizar formações politicas nos nossos locais de estudo para qualificadamente combatermos o governismo em nossas fileiras e lutar contra os ataques do governo.

É necessário construir a FEMEH através do trabalho de base, e que os estudantes que irão ao encontro o façam com caráter de delegação escolhida através dos PRÉ-ENEH's o que pode garantir o debate necessário a politização, e poderá neutralizar o “turismo estudantil” (pessoas que vão aos encontros apenas para se divertir, que não participam de nenhum debate, gerando a despolitização e esvaziamento político do encontro). Quanto mais disciplinados e organizados os estudantes estiverem, mais proveitoso politicamente será para sua luta.

Estudantes de História, é TEMPO DE LUTA!

O Tempo de Luta é um coletivo de estudantes de História, motivados pela necessidade da reorganização do Movimento Estudantil de História pela base que entenda o estudante de história como uma fração da classe trabalhadora na luta contra os ataques que vem sofrendo a educação, parte integrante do projeto de sociedade na lógica do neoliberalismo.

Coletivo de amplitude nacional, atualmente, contamos com a presença de estudantes de Brasília, Fortaleza-CE, Goiânia-GO e Salvador-BA. Ao entender o estudante como fração da classe trabalhadora, nos diferenciamos de outras correntes que atuam no curso tanto em sua concepção como também nas formas de atuação.

Acreditamos que só a luta consegue dialogar com os (as) estudantes. Assim, solicitamos filiação a Rede Estudantil Classista e Combativa-RECC, corrente do Movimento Estudantil, por entendermos que corretamente a RECC constrói o pólo anti-governista no movimento estudantil como via de luta dos estudantes-proletários com o objetivo de armá-los com um programa classista, de base e combativo.


Acesse o site do Coletivo Tempo de Luta: www.coletivotempodeluta.blogspot.com.br


Nenhum comentário: