Publicado no jornal AVANTE! nº08
A discussão acerca das dimensões de classe no Movimento Estudantil ainda permanece pouco desenvolvida. No geral, a estudantada sequer compreende o que seja o “classismo”. Nosso objetivo com este pequeno artigo é discutir a realidade dos jovens estudantes brasileiros, caracterizando sua existência em relação ao mundo do trabalho, dentro da dinâmica que a sociedade imprime no interior do sistema de ensino. A partir disso, mostrar que os estudantes são uma fração da classe trabalhadora (sua dimensão de classe), e finalizar com apontamentos de quais devem ser os eixos de nossa organização e bandeiras reivindicativas.
O papel da educacão na sociedade
O sistema educacional reflete em seu interior todas as contradições da sociedade que o cerca. E em cada período histórico, a educação é reprodutora das condições de manutenção desta mesma sociedade, seja em termos ideológicos, econômicos, políticos etc. Dizemos, assim, que ela é determinada pelas condições sociais exteriores a si, e ao mesmo tempo ajuda a reproduzir estas condições para que a sociedade permaneça como tal.
A sociedade capitalista, por sua vez, necessita que a educação cumpra, grosso modo, duas funções:
1) formação/qualificação da mão de obra e 2) transmissão da ideologia de submissão. Explicaremos.
Para que as indústrias funcionem produzindo mercadoria, para que os serviços públicos (ou privados) sejam prestados (ou vendidos), para que inovações tecnológicas sejam manuseadas etc., os detentores das indústrias, do comércio e o Estado necessitam que o trabalho manual ou intelectual exercido tenha a devida capacitação. Isto busca garantir maior produtividade na produção da mercadoria ou serviço, reduzindo seu custo final para o burguês (dono do capital e dos meios de produção). Este fator condiciona os bancos escolares a transmitirem aos estudantes a formação que o mercado de trabalho exige, cada nível (fundamental, médio etc.) ou curso (no ensino superior, técnico etc.) cumprindo uma função particular.
Ao mesmo tempo, para manter o sistema de exploração e opressão, é necessário que a classe trabalhadora não transgrida a ordem social posta pelo Estado capitalista, ou seja, deve aceitar se submeter às longas jornadas de trabalho, aos salários baixos, ao assédio moral. Assim, a dinâmica interna da escola ou universidade cumpre um papel de naturalizar este mundo tal como é, para nos manter submissos as ordem vindas “de cima”.
O Estudante Trabalhador: Uma definicão importante
A primeira condição que coloca a categoria estudantil vinculada ao mundo do trabalho é, portanto, a própria etapa da escolarização. Ainda que setores da burguesia também transitem pelo ambiente escolar, elas são sua menor parcela – sua condição familiar burguesa lhes permitirá não precisar vender sua força de trabalho e lhe garantirá postos de comando/gerencia do mundo do trabalho. Para a grande maioria a escola é, em geral, a transição entre o ambiente doméstico e o ambiente de trabalho – única forma de obter recursos para viver.
Essa transição ao mundo do trabalho, porém, tanto pode significar uma ocupação posterior ao período de formação (que para a maioria não significa chegar ao nível superior) ou a conciliação entre trabalho e escola. Este último caso é bastante expressivo, como mostra os dados da tabela a seguir.
Neste mesmo estudo do DIEESE, é apontada a maior exploração dos jovens no mercado de trabalho: alta taxa de desemprego, passíveis de demissão em épocas de crise, possuem vínculos de emprego de curta duração, com longas jornadas de trabalho, baixos salários, vulnerabilidade quanto ao recebimento de direitos etc., todas estas em condições piores que a do conjunto da população, como mostra o estudo.
Mas não somente a conciliação da escola com o trabalho define nossa condição de estudantes trabalhadores. Se partirmos também do pressuposto que a distribuição das classes na sociedade é reproduzida no interior das escolas em proporção similar (elite burguesa X massa trabalhadora), concluímos existir uma tendência para que seja maior o número de estudantes cuja origem social é de família trabalhadora. E isso tende a ser mais verdadeiro quanto mais massificado o nível de ensino ou sua característica para proletarização.
E no atual contexto de um capitalismo de ultra-monopolios em expansão, em que a flexibilização do trabalho tem um papel fundamental para se garantir mais lucros, a condição de estudante enquanto categoria ocupacional está cada vez mais interligada a esfera do mundo do trabalho. No sentido de que não apenas os estudantes são também trabalhadores assalariados, mas de que a condição do estudante, ou a educação mesmo, neotecnicista, está cada vez mais inserida na lógica de produção (vide Pronatec) e reprodução do capital.
Caminhos da reorganizacão e bandeiras de luta
Os estudantes, sendo uma categoria social em transição, e cada vez mais expandida, não estão desvinculados de uma origem e interesses sociais, sendo sua maior parcela ligada às demandas do povo: é o sentido de identidade com a classe trabalhadora o desdobramento subjetivo que devemos buscar desta sua relação que já é objetiva. Esta análise permite concluir que os estudantes podem desempenhar um papel classista, ser agente ativo na luta de classes, uma vez inseridos nas contradições da luta do trabalho contra o capital. Para tanto, necessita organizar-se às outras frações da classe trabalhadora na exigência articulada de educação gratuita e trabalho para todos.
Construir um Movimento Estudantil Proletário!
Em defesa de uma Central que organize toda a Classe! ■
Um comentário:
o blog ta bom demais em,eu vou até recomenda para todos meus amigos pq é muito bom,da até gosto de ver,como estou recomendando o www.rastreamentodecelular.org que estou usando na minha empresa de detetive que é muito bom tambem,nossa parabéns,to acompanhando teu blog,e vou recomendar,abraços
Postar um comentário