Publicado no jornal AVANTE! nº08
As Faculdades e Universidades Pagas no Brasil representam um percentual considerável de Instituições de Ensino Superior, mais de 85% das IES. Este crescimento exacerbado é parte integrante da política neoliberal na educação a qual favoreceu o aparecimento das mesmas, assim como seu fortalecimento. Essas instituições são gerenciadas, na maioria dos casos, numa perspectiva comercial e de poder centralizado fazendo com que a participação da comunidade acadêmica nas deliberações referentes à própria Faculdade ou Universidade seja quase nula, contribuindo assim para a falta de mobilização dos(as) estudantes e trabalhadores(as) em torno de pautas comuns.
Analisando esta conjuntura, levando em consideração que
a grande maioria das IES Pagas surgiram no contexto do neoliberalismo, prioritariamente em decorrências de objetivos mercadológicos, não esboçando no interior da comunidade acadêmica uma cultura política de oposição à situação em que a educação se encontra, a intervenção dos(as) estudantes das Pagas resume-se a iniciativas isoladas devido às condições impostas pela gerência dessas IES que não desenvolvem vias de diálogo dificultando a tomada de consciência para a organização política.
No entanto, como esta cultura política não encontra espaço na configuração atual de boa parte das Pagas – e toda uma burocracia dentro do ME e nas instituições privadas foi desenvolvida para garantir que essa cultura não cresça –, vemos dentro das Pagas uma inserção de forças políticas relacionadas a UNE se utilizando deste vácuo político para ampliar suas bancadas dentro dos congressos da entidade. Essa inserção se dá sem qualquer processo de formação política ou discussão da importância política da (que hoje se resume a ser correia de transmissão do governo) e dos seus espaços de deliberação. Na falta de um ME autônomo das IES Pagas, a UNE se insere, com suas praticas antigas revestidas de novas, nas mobilizações existentes objetivando criar CA’s, DA’s e DCE’s, arregimentar pessoas para as suas forças políticas e eleger delegados dos congressos. Desta forma, a UNE considera-se uma entidade que dialoga amplamente com a base, mas até que ponto esse “diálogo” realmente auxilia na construção de um ME combativo? Isso fica sem resposta.
Outra consequência desta atuação dos setores governistas do ME é o engessamento. Como essas “forças” possuem o apoio institucional - já que estas representam os interesses capitalistas do governo federal/reitorias - e o apoio financeiro-partidário, elas conseguem se inserir nas entidades de base e nos DCE’s mais facilmente com estratégias marqueteiras e o conhecido discurso populista. Assim, por dentro da base, as “forças” do ME governista dinamitam a possibilidade de uma construção qualitativa do movimento estudantil compromissado com a luta dos(as) estudantes. ■
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