domingo, 25 de abril de 2010

Comunicado Nacional Nº1 - 1º de Maio


1º de Maio da Classe Trabalhadora:
Dia de Luta e Combate Contra a Exploração Capitalista!

O 1º de MAIO, histórico, representa a luta dos trabalhadores contra sua exploração pelos patrões. Esta data ficou marcada em decorrência de uma greve geral realizada em Chigaco, EUA, no ano de 1886. Tal greve possuía como principal reivindicação a redução da jornada de trabalho para 8h diárias. Em um processo de mobilização, com milhares de operários nas ruas, piquetes e comícios, a repressão policial logo ágil atacou centenas de trabalhadores, deixando um grande número de mortos, feridos e presos. Desde então, esta data é reivindicada pelo movimento dos trabalhadores de todo o mundo.

No entanto, ela vem perdendo seu caráter combativo. No Brasil, por exemplo, as centrais sindicais pelegas (como CUT, CGTB, CTB etc) realizam distribuição de brindes, de carros e, pasmem, até apartamentos, como será agora pela Força Sindical. Ou seja, há um abandono da perspectiva de reivindicação dos direitos históricos dos trabalhadores e da memória de suas lutas, para transformar esta data, já marcada pelo sangue daqueles sinceros lutadores, em um dia de festas e comemorações. O que temos para comemorar, companheiros? Por isso saudamos aqueles que se levantam, não somente neste dia, mas durante todo o ano, para enfrentar a burguesia e defender o futuro do proletariado.

A LUTA ATUAL DOS TRABALHADORES
No resto do mundo, trabalhadores gregos, italianos, espanhóis, bolivianos vem demonstrando que a ruptura com o imobilismo e com a legalidade não só é possível como também é a única via que garantirá vitórias. A Grécia tem sido um exemplo da capacidade de luta dos trabalhadores e dos estudantes, que estão indo para a rua, fazendo greves, enfrentando diretamente a burguesia, o Estado e seu aparelho policial repressivo.


A crise no Brasil, segundo nos diz as autoridades, não atingiu igual severidade - como se o estado normal das coisas não já beirasse uma calamidade inaceitável. Isso em nada justifica que o proletariado brasileiro não assuma, tal como o fez os trabalhadores de outros países, a diantera das mobilizações, o reavivamente da luta contra o imobilismo praticado atualmente pelas centrais sindicais pelegas, todas reféns do legalismo e da confiança nas instituições do Estado burguês.


PELO FIM DO VESTIBULAR: ACESSO LIVRE DOS TRABALHADORES AO ENSINO SUPERIOR!


A educação também sofre drásticos reflexos das contradições da sociedade de classes. Uma dessas contradições diz respeito a: que parcela da sociedade tem acesso ao ensino superior no Brasil? E, de forma mais específica: a quem serve este conhecimento produzido nas escolas e universidades?


Para colocar em números, apenas 14% dos jovens de 17 a 25 anos cursam, hoje, uma faculdade. Desta pequena parcela, cerca de 70% deles estão matriculados em universidades particulares!

Isto é dado pela limitação de vagas que existem nas universidades públicas, que trás de fundo não somente a falta de investimento em infra-estrutura e profissionais de ensino (apenas 4,7% do PIB é investido na educação!), mas principalmente uma concepção ideológica que insiste no afastamento das classes baixas das universidades e de sua instrução. Assim, o vestibular expressa a última instância dessa segregação: sistematiza o afunilamento elitista onde, na maior parte dos casos, quem tem acesso são estudantes que tiveram oportunidade e condição financeira para o estudo.

Para piorar, cada vez mais a ciência e os currículos vem se adequando aos interesses empresariais. Exemplos disso são cursos voltados exclusivamente para áreas de empreendedorismo e agronegócio; as Universidades e Faculdades Privadas que vendem a educação como se fosse uma mercadoria; as Fundações Privadas que se utilizam do espaço das Universidades Públicas e do dinheiro público para fins privados; os cursos pagos etc.

Acreditamos que é necessário acabar com o vestibular, melhorando toda estrutura das Universidades Públicas e do Ensino Básico, para oferecer condições de estudo a todos trabalhadores, sem exceção. É necessário que o conhecimento, as pesquisas, as tecnologias e o currículo dos cursos estejam voltados aos interesses da classe trabalhadora, dando suporte ao movimento sindical, às comunidades pobres, enfim, que possam ajudar a resolver os problemas reais e a luta que a nossa gente enfrenta dia a dia.


O PAPEL DAS FRAÇÕES DA CLASSE TRABALHADORA

A data de primeiro de maio deve ser importante não só como forma de lembrança das lutas passadas, dos erros e dos avanços dos trabalhadores pela sua emancipação, mas deve também ser um momento de agremiação de todas parcelas de trabalhadores que, no estágio atual do capitalismo, ultra-monopolista, estão submetidas à espoliação econômica do capital. Para isso, é preciso que se reflita sobre as mudanças que, ao longo dos últimos trinta anos, o mundo do trabalho vem sofrendo e as consequências que elas trazem para o reconhecimento das diversas frações dos trabalhadores enquanto pertencentes a uma mesma classe, enquanto portadoras de um mesmo destino. A diminuição do número de operários fabris e o aumento de empregos no chamado setor de serviços trouxeram consigo a idéia de que não há mais sentido em falar de classes sociais, que agora, na “era do conhecimento”, todos podem transitar facilmente de um ponto ao outro da estrutura social, que tudo é fluido. Esse charlatanismo ideológico vendido pelos promotores do neoliberalismo só pode ser aceito por aqueles que não vivenciam diariamente a realidade de ameaça constante de desemprego, de arrocho salarial, precarização das condições de trabalho, etc. Tudo isso aliado ao aumento dos lucros dos grandes capitalistas, cujos cortes de despesas, a terceirização do trabalho e a reestruturação produtiva levam à precarização das condições de vida material e psicológica dos trabalhadores. A crença de que não há mais luta de classes, só serve para maquiar a realidade, amordaçar a luta dos trabalhadores em proveito da grande burguesia internacional e sua domesticada burguesia nacional.

Nesse sentido, é imprescindível que haja plena união da classe trabalhadora, em todos os segmentos, através da compreensão de que as lutas que operários fabris travam têm a mesma origem do trabalhador precarizado na empresa de serviços; que o camponês pobre serve ao mesmo sistema responsável pela exclusão de uma parcela significativa dos filhos do povo do sistema educacional. É preciso que a solidariedade proletária seja estendia a todas as frações da classe trabalhadora, todos submetidos ao mesmo mecanismo de exploração e que, por isso, somente conquistaremos nossos direitos históricos dando respostas coletivas aos ataques que, a primeira vista, parecem ser apenas individuais ou setoriais.


REORGANIZAÇÃO SINDICAL E POPULAR: CONSTRUIR UMA CENTRAL DE CLASSE!


O capitalismo ultra-monopolista, caracterizada pelo neoliberalismo e pelo toyotismo, modificou certas relações na estrutura de classe no mundo, determinando, por conseqüência, as formas de organização entre os trabalhadores. Podemos ver, por exemplo, que aumentaram as formas de colaboração entre trabalhadores e patrões nas empresas. Nascem, a cada dia, sindicatos mais específicos que dividem categorias mesmo quando estas estão colocadas em uma área comum de trabalho. Os terceirizados, grande fração de classe trabalhadora brasileira, mal possuem direito de organização sindical e por vezes são perseguidos politicamente. O que podemos ver, então, foi o aumento da cooptação das organizações dos trabalhadores ao Estado e à burguesia.

A CUT caminhou exatamente neste sentido. Seu corporativismo e burocratização, aliadas à estratégia eleitoreira de conquistar o Estado (via PT), marcam esta trajetória de degeneração. É preciso, então, combater as bases do modelo de sindicalismo social-reformista e atrelado ao Estado, construindo em oposição uma organização com concepção estratégica e tática classista e combativa.


Esta concepção é a da Central de Classe. Ou seja, uma entidade que agremie em seu interior trabalhadores formais e informais urbanos; o movimento camponês e de trabalhadores rurais; o movimento estudantil; o movimento negro e indígena, os movimentos de gênero e contra a homofobia. Com esta aliança orgânica, acreditamos ser possível acabar com a segregação imposta pela burguesia entre os segmentos de classe e orientar o Movimento Estudantil, por exemplo, com um programa realmente classista. Na conjuntura atual do capitalismo, a construção de uma Central de Classe é a única capaz de dar respostas coletivas às necessidades do conjunto dos trabalhadores.


POR UM 1º DE MAIO DE LUTA DOS TRABALHADORES!
OPOR ESTUDO E TRABALHO AO CAPITAL!

CONSTRUIR UMA CENTRAL DE CLASSE QUE ORGANIZE PROLETÁRIOS URBANOS, TRABALHADORES INFORMAIS, CAMPONESES E ESTUDANTES!