quinta-feira, 18 de julho de 2013

Junho de 2013: pela auto-organização da juventude trabalhadora!


O Levante Popular: a auto-organização da juventude trabalhadora nas batalhas de Junho de 2013 e a criação de oposições de base

         
O Levante Popular de Junho de 2013, ou a Revolta do Vinagre, demonstrou a recusa das massas ao sistema político burguês, ou seja, a toda a democracia burguesa e à centralização do poder que tem favorecido cada vez mais as frações das classes dominantes: banqueiros, empresários, juízes, militares e políticos. A pseudo democracia brasileira sempre foi restrita e tutelada pelo poder militar e policial. Essa democracia para cima (para burguesia, para a aristocracia sindical e partidária) é a ditadura para as frações empobrecidas do proletariado urbano (os moradores de favelas, subúrbios e estudantes), para o campesinato e povos indígenas.

O levante popular demonstrou todo esgotamento da burocracia sindical e dos partidos eleitorais da esquerda, que ficaram paralisados ou procurando dirigir o movimento com seu “pacifismo” e legalismo. O fato de atos não serem efetivamente dirigidos em seu momento máximo por nenhuma força política fez com que ganhassem pouco a pouco o caráter combativo e depois de levante.
      
Esse levante só foi possível porque o movimento foi construído fora dos espaços delimitados pela ordem, ou seja, o partido político e o Estado. Se juntaram os grandes monopólios da mídia, a direita e a esquerda oficial para condenar a tomada da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), no dia 17/06. Isso demonstra o quanto a esquerda institucional está moribunda e completamente desconectada da luta popular mais combativa. A despeito da posição dos partidos, as manifestações mostraram a redescoberta da ação direta, da autodefesa das massas (ilustrada pelos escudos, máscaras, óculos e, principalmente, pelo vinagre, para enfrentar a violência policial).
      
Desde o final do governo Lula as lutas se intensificaram pelo país, greves que assustaram as direções sindicais, como a greve dos professores do Estado do RJ em 2011 e a greve dos servidores públicos em 2012. O movimento camponês, indígena e quilombola resiste às grandes obras de desenvolvimento do governo federal que ameaçam suas vidas. Os trabalhadores das grandes obras (Pecem, SUAPE, Jirau, Santo Antonio) se rebelaram. O governo novamente apostou na repressão via Força Nacional de Segurança e tentativa de cooptação pelas velhas direções burocráticas do sindicalismo de Estado. A Revolta do Vinagre possivelmente foi só o começo de novos protestos e movimentos.
           
O assassinato de camponeses, quilombolas e indígenas no campo, os megaprojetos, o favorecimento do agronegócio, o massacre do povo negro nas favelas e periferias, os problemas na saúde, educação e no transporte público e os megaprojetos para Copa Mundo e Olimpíadas - com gastos exorbitantes favorecendo os empresários e políticos - foram os principais elementos gestadores do Levante Popular. A sua grande explosão acontece com o aumento do custo de vida dos grandes centros urbanos, sendo o estopim para a revolta o aumento das passagens e a brutal repressão policial.
       
O PT tentou ainda jogar o medo diante de um fascismo, que para eles estava representado nos atos pela bandeira nacional e pelo grito de “sem partido”. Fracassada esta tentativa de contenção e desmobilização, o partido apresentou o programa dos cinco pactos nacionais e de uma constituinte. Depois foi a vez de retomar a prática do lulismo: negociação com o movimento social e sindical e partidos políticos.

Mas as palavras de ordem na rua querem mais que esse pacto. Elas apontam para uma crítica do neoliberalismo e do Estado Penal-Policial. É uma resistência à contínua centralização do poder por meio da democracia representativa. As reivindicações são anti-capitalistas, anti-sistêmicas e contra o Estado, o que se expressa na sua recusa à subordinação aos partidos político eleitorais. As ruas querem transporte público, saúde pública (o SUS) e educação pública - ao invés de carros particulares, plano de saúde e escolas privadas. As ruas pedem o fim da PM e não “mais polícia”.

Por isso é preciso:

1) Impulsionar a formação de comitês de mobilização por local de estudo, trabalho e moradia (comitês de bairro, de universidade, de fábrica que tenham a plataforma de lutar pelo passe livre, em defesa do direito de auto-organização dos trabalhadores e de um programa mínimo classista e popular).

2) Garantir assembleias de base regulares para discutir a política dos atos, seus objetivos e programas. Todo poder deve pertencer às assembleias e comissões de base.

3) Um programa de reivindicações imediatas para orientar as discussões no sentido de um internacionalismo popular para unificar as lutas econômicas e anti-militaristas, recusando os pactos como formas de enganar os trabalhadores.

 Intensificar a mobilização é nossa maior tarefa!


ASSINAM:

Rede Estudantil Classista e Combativa (RECC)
Oposição de Resistência Classista – Educação RJ
Grupo de Discussão de Oposição para Educação Federal
Grupo de Luta Petroleiro (GLP)

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