Fortalecer e expandir as greves da UNESP e da UEG!
Levantar em revolta todos os campi do interior por uma Universidade
Popular!
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Brasil, Março de 2013 - Comunicado Nacional da RECC Nº14
www.redeclassista.blogspot.com | rede.mecc@gmail.com
“Por tudo isso, nos da UNESP de Marília
estamos ocupando o prédio de direção da faculdade e fazendo greve: por que não
queremos que os estudantes universitários e do cursinho abandonem a
universidade, estamos lutando pela permanência dos filhos da classe
trabalhadora.” (Nota da Greve estudantil de da UNESP-Marília à população)
Mais uma página na história de
lutas e glórias está sendo construída nesse momento pelo movimento estudantil
brasileiro. A revolta e a agitação das massas estudantis se alastraram como
faísca pelos campi da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Universidade
Estadual de Goiás (UEG) e se expressaram em históricas assembleias gerais,
manifestações, greves e ocupações. Na UEG a greve abarca servidores,
professores e estudantes se configurando em uma forte greve geral. O motivo
imediato das mobilizações é a precarização das condições de estudo vivenciadas
nos campi do interior do país: sem Restaurantes Universitários de qualidade e
que atendam a demanda, sem moradia digna, falta de professores e servidores (se
expandindo gigantescamente as formas precárias de trabalho através da
terceirização e professores temporários etc.), dentre diversos problemas que se
acumulam e atingem a vida cotidiana de milhares de estudantes que são obrigados
a muitas vezes abandonarem os estudos.
Na UNESP, além destes problemas
mais particulares que levam a adesão de milhares de estudantes à luta, existe
um sentido mais geral que está por trás das atuais mobilizações: o
questionamento da estrutura antidemocrática da universidade brasileira, não
apenas pela sua forma de ingresso através do vestibular (que exclui a maioria
dos filhos do povo do acesso ao ensino superior), mas também pela dificuldade
de permanência estudantil e pela burocratização dos conselhos superiores e sua
composição “70-15-15” (70% de professores, 15% de estudantes e 15% de
servidores) justificada apenas para manter a “governabilidade” (ou melhor, o
controle) tão necessária aos inimigos do povo: burocratas e privatistas. As
ilusões na suposta “democratização da educação” vendida pelo Governo Federal e
distintos governos estaduais (assim como pelos pelegos da UNE) são postas
abaixo nesses momentos de luta e demonstram toda a farsa por detrás das campanhas
midiáticas e eleitoreiras. O movimento estudantil ocupa mais uma vez o palco
central da transformação da universidade!
O Conselho Estudantil e a luta contra o PIMESP
no interior paulista!
Assembleia de deflagração de Greve na UNESP-Marília |
Os estudantes da UNESP-Ourinhos,
em decorrência do atraso das bolsas e pela ausência de Restaurante e moradia
estudantil, desde dia 19 de abril estão em greve reivindicando condições dignas
de permanência estudantil na Universidade. No campus de Marília, desde o mês de
março, a estudantada se indigna e se mobiliza contra o sucateamento do
Restaurante Universitário. A greve estudantil na UNESP-Marília, bem como a
ocupação do prédio da direção, foram deflagradas na terça-feira (23/04) em
assembleia geral com mais de 600 estudantes, reivindicando ampliação e melhorias
na Assistência Estudantil, contra o PIMESP e a estrutura antidemocrática da
universidade. A greve estudantil também já atingiu a UNESP-Assis e diversos
outros campi da UNESP já se mobilizam em Assembleias Gerais, paralisações de
aulas e manifestações.
Tendo em vista a expansão e
fortalecimento da greve estudantil no interior paulista, pelo menos 11 (dentre
os 25 campi) estão se articulando para a construção do Conselho de Entidades
Estudantis da UNESP e FATEC (CEEUF), que acontece nesse final de semana (04 e
05/05), no campus de Ourinho, com a tarefa de avançar a mobilização e a unidade
entre todos os campi a partir da discussão a respeito da precarização das
políticas de permanência estudantil, da falta de democracia na universidade e
contra o PIMESP. Devemos compreender que sair do isolamento e se fortalecer em
aliança com outros campi é imprescindível para combatermos as tentativas de
desmobilização e desgaste que a burocracia universitária e o Estado tentam (e
tentarão cada vez mais) impor ao movimento, por isso devemos depositar nossas
forças na construção desse Conselho e torná-lo em um espaço de fato produtivo
para a nossa vitória, não um espaço para discursos demagógicos e governistas.
Um dos principais debates do
CEEUF será sobre PIMESP (Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior
Público Paulista), o ataque neoliberal mais sério sistematizado pelo governo do
estado desde os "decretos Serra", em 2007. Segundo nota dos próprios
estudantes de Marília: “Sob um falso
discurso de democratização ao acesso por meio de supostas cotas, o governo e as
reitorias tentam a passos largos avançar na privatização das três
universidades. Por meio do PIMESP, o governo intenta segmentar a categoria
discente em cotistas e não cotistas, inferiorizando os primeiros, além de
implantar, em fato, um projeto de formação sequencial na esteira dos processos
de Bolonha, o cerne da política educacional do FMI e Banco Mundial”. O
PIMESP dificultará ainda mais o ingresso na USP, UNICAMP e UNESP através da
imposição de um curso à distância de dois anos aos cotistas negros e de escolas
públicas.
Organizar
pela base um novo levante combativo do movimento estudantil!
A ação direta combativa, ou
seja, o protagonismo dos próprios estudantes e trabalhadores mobilizados, é
demonstrada pela própria experiência como o caminho privilegiado para avançar
nas conquistas em nossas locais de estudo. A ação direta deve tomar o lugar das
posturas amedrontadas e legalistas, que alimentam ilusões nos conselhos
superiores antidemocráticos e nas “mesas de enrolação”, e que são típicas de
uma tradição de movimento estudantil burocrático e eleitoreiro ligada a União
Nacional dos Estudantes (UNE) e mais recentemente seguida também pelos
paragovernistas da Assembleia Nacional de Estudante Livre (ANEL).
Os estudantes devem ficar
alertas para os “atalhos” que serão possivelmente apresentados pelos
oportunistas de plantão. Um deles, o pragmatismo, que deve ser veementemente
combatido, busca “resultados” a qualquer custo, ainda que para isso tenha que
condenar os espaços e meios de luta próprios dos estudantes a favor das
disputas nos conselhos superiores etc., levando a uma verdadeira despolitização
da luta. Além de não proporcionar a vitória de nossas reivindicações imediatas,
impede a compreensão da totalidade (dos vínculos entre o geral e o particular,
entre as lutas locais e as diversas universidades) e, portanto, prepara-nos a
pior das derrotas, presentes e futuras. Devemos ter claro, que ambas as esferas
do pensar e agir, o local e o global, estão inter-relacionadas: sem as
reivindicações imediatas as pautas gerais perdem sua força e caem possivelmente
no puro idealismo, porém, devemos ter clareza de que os problemas particulares
e imediatos só poderão ser plenamente solucionados através das mobilizações unificadas
que coloquem em cheque a estrutura geral da universidade e impeçam a
implementação de ataques como PIMESP. A unificação da luta, no entanto, não é
algo dado, ela é construída pedagogicamente no calor da experiência dos
estudantes e trabalhadores. E não em qualquer experiência prática, mas a
experiência da ação direta combativa, da solidariedade de classe e da elevação
da consciência através das Assembleias Gerais, Comandos de Greve, Marchas
Combativas, Ocupações etc. Devemos transformar cada pequena luta em um momento
para golpear o inimigo (Reitorias, departamentos, Estado) e para acumular
forças, aperfeiçoando nossa organização e elevando nossa compreensão da
realidade.
Por fim, conclamamos os
estudantes em greve e em luta a cerrarem fileiras conosco e, contra todo
reformismo e oportunismo (seja da UNE ou da ANEL), trilharem o caminho da luta
pela democratização radical da universidade, ou seja, pela construção de uma universidade
popular, abrindo suas portas ao povo e colocando seu conhecimento técnico e
científico a serviço da libertação e melhoria de vida da classe trabalhadora.
Estamos apenas começando, a luta continua.
Abaixo o PIMESP: pelo fim do vestibular, livre acesso já!
Pela ampliação e melhoria das políticas de Permanência Estudantil!
Abaixo à repressão e o 70-15-15: pela democratização radical da
universidade!
Por uma Universidade Popular a serviço da Classe Trabalhadora!
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