segunda-feira, 27 de maio de 2013

REFORMA DO ENSINO MÉDIO:



Um projeto a serviço dos “Playboys”




“Enquanto eles continuam mentindo, o povo quer saber quem é que vai pagar por isso”. Comando DMC (Grupo de Rap)

A divulgação do resultado do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) em 2012 demonstrou uma estagnação da nota do Ensino Médio desde 2009. Tal fato levou o atual Ministro da Educação, Aluísio Mercadante, a anunciar publicamente que o Ensino Médio passaria por uma grande reforma a nível nacional, a partir do ano de 2013. Os eixos centrais da política de reformulação do governo são dois: a aplicação do Ensino Integral e a criação de grandes Blocos Temáticos relacionados ao ENEM.
 Apesar de todo o discurso demagógico da “inovação interdisciplinar” e da “redução da evasão escolar” precisamos observar friamente os verdadeiros interesses do Governo e das elites brasileiras nesta Reforma: formar “mão de obra” barata provinda das escolas públicas, avançar na privatização do ensino, diminuir o quadro de professores e melhorar artificialmente as estatísticas do Governo.
O Ensino Integral e a Formação de  “mão de obra” barata
Essa Reforma não é de hoje, começou no ano de 2004, quando o Governo Lula aprovou o Decreto nº 5154 que acabava com a separação entre ensino médio e ensino técnico presente na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) de 1996, vendendo aos desinformados a ideia de uma inovação. Na verdade reproduzia a mesma política da LDB de 1971, aprovada pela Ditadura Militar com objetivos semelhantes: formação de  “mão de obra” barata para o desenvolvimento do capitalismo.
O Ensino Médio brasileiro, em 2011, possuía 8,4 milhões de estudantes matriculados e esse grande número, para os propositores da reforma, sempre representou a exploração massiva de estagiários como forma de substituir os contratos formais de trabalho, buscando eliminar custos trabalhistas.
Neste sentido, em 2008, a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e MEC lançaram o documento: “Reestruturação e Expansão do Ensino Médio no Brasil”, que previa reuniões fechadas com empresários e deixava claro um dos principais objetivos do projeto  Ensino Médio Integrado”: “c) Inserir as Escolas do Sistema “S” na rede nacional de escolas públicas de ensino médio.”(meta 3, pág. 16)
O Novo PNE (Plano Nacional de Educação) de 2012 transformou isto em política nacional nas “Meta 3: Universalização do Ensino Médio” e “Meta 6: Tempo Integral”, concedendo abertura a iniciativa privada através de programas “educativos, científicos e profissionalizantes” em parceria com setores da “sociedade civil” (ONG’s, organizações patronais etc.) e diretamente com organizações do sistema S (Rede privada ligada a grandes empresas que fornece cursos pagos através do SENAI/SENAC)
Esta proposta de Ensino Integral representa uma privatização indireta no Ensino Médio público que consistirá em concessões e terceirização de serviços para empresas privadas nas escolas, garantindo gordas licitações e desvios de verbas públicas para a iniciativa privada.
É importante que fique claro que não somos contra o ensino técnico, pois defendemos uma educação pública que articule o conhecimento teórico e prático como um direito dos trabalhadores, mas esta não é a proposta do Governo. Esta Reforma visa reproduzir o ensino profissionalizante apenas para os filhos dos trabalhadores pobres que estudam nas escolas públicas, enquanto os “playboys” filhos da classe dominante se dedicam integralmente ao conhecimento acadêmico. O desenvolvimento lógico disto é o aumento das desigualdades no acesso ao ensino superior e na sociedade.
O ENEM e a precarização do trabalho dos Professores
O MEC também prevê a substituição das atuais 13 matérias do Ensino Médio por 4 grandes Blocos Temáticos baseados no Novo ENEM: Códigos e linguagens, Ciências humanas, Ciências da natureza e Matemática. São previstos também sistemas de aprovação automática. O Governo argumenta que os principais causadores do abandono escolar e das baixas notas são a sobrecarga de matérias, a complexidade e a repetência. O que não passa de uma mentira.
O que o Governo não responde é: se o problema são as 13 matérias por que o Ensino Médio privado continua tirando boas notas no IDEB? O problema de fato é o sucateamento das escolas públicas, o baixo salário dos professores em todo o Brasil e a desigualdade social. Esta é a realidade que o Governo não quer enfrentar, pois esta é a realidade que beneficia as classes dominantes que controlam o próprio Governo.
Caídas as máscaras, os principais objetivos desta Reforma são: a) A diminuição do quadro de professores, senão imediata, a médio prazo, já que numa área integrada não são mais necessários professores específicos e sim apenas um professor geral; b) Queda da qualidade do Ensino, pela simplificação do conteúdo e  aprovação automática, visando somente à melhoria artificial das Estatísticas.
Combater a Reforma! Como e pelo que devemos lutar
Hoje a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), filiada a CUT, e a UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) se encontram paralisadas pela sua submissão ao Governo Dilma. Neste momento, é necessário se organizar em cada local de estudo em Grêmios ou Oposições estudantis independentes da UBES, para combater tais reformas através de greves estudantis,  manifestações de rua e ocupações das Regionais de Ensino ou Secretarias de Educação de sua cidade.
Nossas pautas devem ser: contra a entrada de empresas privadas dentro das escolas ou qualquer taxa; por uma reforma curricular crítica e democrática impulsionada pela base das organizações estudantis e sindicais; contra a criação dos grandes blocos de matérias; pela contratação de mais professores/servidores; e por mais verba pública para a educação pública visando melhoria da infraestrutura, material audiovisual e melhoria salarial. 
 No fim, a proposta do MEC visa reproduzir este sistema social que gera lucros para os “playboys” e aplausos da mídia para os Governantes, mas que continua explorando e pagando baixos salários aos nossos pais e a muitos de nós estudantes, ao mesmo tempo aplicando uma educação servil e de baixa qualidade para a classe trabalhadora. Portanto... ■


Façamos nosso Dever de Casa: Ocupemos as Ruas!

Por Educação de Qualidade e Trabalho Digno! Não ao PNE e a Reforma do Ensino Médio!

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