Construir as Oposições nos locais
de estudo
O período de eleição de um Grêmio Estudantil, Centro
Acadêmico (CA) ou Diretório Central dos Estudantes (DCE) é quase sempre
acompanhado por certo entusiasmo das chapas e maior interesse político dos
estudantes. Apesar disso, diferente do que muitos pensam e fazem, a construção
do Movimento Estudantil (ME) não se resume ao período eleitoral e nem tem neste
seu momento mais importante. Pretendemos com este artigo discutir alguns equívocos,
vícios e politicagem que impregnam o ME e sugerir a importância daquilo que
chamamos de “Política de Oposição” para a construção de um novo ME.
A Política Eleitoreira
A
política eleitoreira é uma velha conhecida do povo. Em resumo, é o vale-tudo para
se vencer determinadas eleições. Bastante praticada nas eleições estatais, ela
também é reproduzida no interior do Movimento Estudantil, sobretudo pelos
próprios partidos eleitorais – mas não somente e nem necessariamente. A
política eleitoreira pode ser definida também como um “parlamentarismo
estudantil”, e leva sempre a um fim imediato: uma entidade estudantil fraca e
superestrutural, que não atende aos interesses da luta coletiva.
Visto
a “olho nu”, a principal característica dos grupos e militantes que praticam a
política eleitoreira é a contradição entre seu entusiasmo “político” nos
períodos eleitorais e seu “sumiço” no restante do ano. Durante eleição, acordam
cedo e aparecem colando cartazes, distribuindo panfletos ou passando em salas
pra ganhar nosso voto, mas difícil é vê-los com o mesmo entusiasmo antes das
eleições, e pior, às vezes nem mesmo os vemos depois de vencê-las. Também
assumem característica burocrática, quer dizer, só os vemos “lutar” na
internet, nas mesas de negociação ou nos ofícios entregue junto às autoridades.
Alguns
grupos eleitoreiros tentam se autojustificar. São aqueles que falam quase que
tão somente em “crise de direção” ou de nossa “representação” em outros
espaços. O problema é que acabam confundindo direção com diretoria
e representação com participação. Para nós, diretoria
e representação significam apenas cargos oficiais de determinada
entidade e suas opiniões, votos ou assinaturas em outros espaços; direção
e participação significam o sentido do movimento real para onde caminha
o conjunto de estudantes daquela entidade, é portanto ação e vontade
democrática e coletiva.
Mas
os parlamentaristas agem como se, ao vencerem as eleições de uma entidade,
estivessem solucionando o movimento real dos estudantes. E querem este
“aparato” a todo custo. Assim, nos iludem para se iludir que estão avançando
politicamente, na melhor das hipóteses; e na pior, nos iludem de má fé para
poderem dar projeção política aos seus interesses exclusivos, com a
possibilidade de sentarem em mesas de negociações com autoridades de nossas
escolas ou dos governos, para acumularem assinaturas em panfletos, para ter
votos em entidades falidas (como a UBES, UNE e ANPG), ou para autolegitimarem
outras entidades forçosamente criadas (como a
ANEL). Fazem da crise de direção mera “crise de diretoria”. Não passam
de “aparatistas”.
A Política de Oposição
A
Política de Oposição levada à frente pela RECC condena estas práticas. A
primeira diferença é sua ação permanente, quer dizer, sua incidência no dia a
dia do local de estudo e não somente um esforço concentrado nos períodos
eleitorais. Assim, um grupo de Oposição não se reduz a uma “chapa de oposição”,
pois isto reforçaria a política eleitoreira. Nos opomos não a uma gestão
específica, mas à concepção parlamentarista de Movimento Estudantil.
Construímos
uma Oposição para criar um foco de referência e aglutinação combativa dos
estudantes que queiram reorganizar o ME de baixo para cima. Isso também
significa ir acabando com o estranhamento dos estudantes ao próprio ME. A
Política de Oposição se define, portanto, como um trabalho de base, de
formiguinha, de buscar uma organização estudantil solidificada em cada local de
estudo. Deixar a prática de fazer “pelos estudantes” para fazer “com os
estudantes”.
Ainda
assim, as eleições podem e devem ser disputadas, mas não como uma estratégia
permanente e sim como ação tática. E como toda tática, é uma opção flexível à
conjuntura. A estratégia maior que orienta nossa tática é o fim da subordinação
da educação ao mercado, e, portanto o fim do capitalismo e seu Estado. É
necessária uma sólida organização de massas para este enfrentamento. Uma
Oposição pode, fora da diretoria de uma entidade, provocar esta direção de
luta, mas não se esquece de que deve resolver outra crise que nenhuma diretoria
em si resolve - a crise de organização, pois as formas de interação coletiva e
os métodos de luta têm peso decisivo para nossas vitórias.
O novo nasce da negação
Para
construir um novo ME, precisamos rejeitar as práticas eleitoreiras e
parlamentaristas em seu interior. Já basta de protodeputados usando nossas
entidades como trampolins eleitorais para suas carreiras políticas. Já basta de
miniburocratas que usam estrutura, verba e assinatura das nossas entidades para
se autolegitimarem, alheios à vontade da base. Isto não é Movimento Estudantil.
A massa estudantil precisa lutar contra a precarização do nosso ensino e a
consequente precarização de nossa força de trabalho. Precisamos derrotar o projeto
capitalista que lucra sobre a educação e explora nosso trabalho e para tanto
precisamos de uma luta classista e combativa, através da união e organização
pela base. Por isso convocamos todos os estudantes do povo a construírem a RECC
através das Oposições por local de estudo! ■
Nem UNE governista e nem ANEL burocrática!
Reconstruir o Movimento Estudantil Nacional através das
Oposições Por Local de Estudo!
Um comentário:
Avante!
Fora proto-deputados e mini-burocratas!
Viva a luta combativa e independente dos estudantes!
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