quarta-feira, 5 de março de 2014

EFEITOS DA COPA DO MUNDO

Os Megaeventos e a exploração do corpo da mulher

Cotidianamente vemos as barbáries desencadeadas pelos megaeventos e legitimadas de todas as formas pelo braço forte e leal da burguesia, o Estado. Acompanhamos, nos últimos meses, a arbitrariedade e a criminalização dos movimentos sociais de luta que ousaram se levantar contra toda e qualquer opressão imposta.
Assim como a construção de novos estádios, remoções e gentrificação da cidade, outro produto é explorado e oferecido no pacote FIFA: o corpo da mulher. Está posto que os megaeventos mundiais, Copa do Mundo e Olimpíadas, trazem uma quantidade altamente considerável de turistas que vêm atrás de diversão, espetacularização da brasilidade e do corpo da mulher miscigenada.

É preciso entender o turismo sexual como negócio extremamente exploratório/degradante para a mulher e lucrativo para o agenciador-cafetão. Como atividade econômica altamente rentável aos exploradores, o turismo sexual envolve um grau de organização e detalhamento tal qual uma agência tradicional de viagens e turismo onde o turista compra o pacote de estadia com uma acompanhante inclusa.
Faz-se necessário revelar a conivência da hotelaria burguesa (5 estrelas) com as práticas de prostituição. Na tentativa de agradar o hóspede, caros e famosos hotéis oferecem catálogos onde mulheres são expostas à venda, e assim fecham os olhos para um problema social grave, que é a prostituição.
Além dessas questões, o turismo sexual revela lados ainda mais duros e cruéis como: o tráfico de mulheres, exploração sexual infantil e marginalização das travestis e mulheres transgênero.
Dos países da América do sul, o Brasil é hoje o Estado com maior número de mulheres traficadas para fins sexuais. Muitas vezes, mulheres originárias de cidades muito pobres do interior são enganadas com a promessa de uma vida melhor. Várias já conhecem desde cedo a rotina da exploração de seus corpos: drogas e trabalhos de até 10, 12 horas por dia.
Medidas governistas e débeis de combate à prostituição através de cartilhas, e projetos paragovernistas de lei que colocam a prostituição como um micronegócio, só legitimam a farsa burguesa da emancipação da mulher. A mercantilização do corpo e da sexualidade da mulher cisgênero e transgênero alimenta o bolso da grande burguesia e de muitas mulheres, que ao explorarem suas “companheiras”, tornam-se inimigas de classe.
A emancipação da mulher virá por ela mesma e pela via classista. Cabe a todas as mulheres trabalhadoras lutar lado a lado para a emancipação de todas as frações da classe proletária! É preciso solidarizar-se às prostitutas e combater todas as formas de sobrevivência precária! ■

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