domingo, 30 de março de 2014

Vai-se a luta e fica a burocracia da ANEL: O vergonhoso fim da Ocupação da reitoria da UFSC



Uma contribuição do comitê de propaganda RECC/UFSC
A ocupação da reitoria eclodida após uma brava e vitoriosa ação de resistência estudantil em defesa da autonomia universitária, que colocou para correr para fora do campus um pelotão inteiro do choque da PM junto com um contingente de vinte homens da Policia Federal, terminou de maneira prematura e vergonhosa nessa sexta-feira. E, por ironia, em um dia histórico de resgate da luta combativa dos estudantes no Brasil. Foi no dia 28 de março de 1968 que um dos inúmeros ataques contra a autonomia universitária no período da ditadura resultou no assassinato do estudante secundarista Edson Luís, que participava de uma manifestação no Restaurante Central dos Estudantes no Rio de Janeiro. Porém, ao contrário do resgate combativo feito nesse dia por estudantes em várias universidades do Brasil, através da realização da Semana Nacional Classista e Combativa que na UFG ocupou a reitoria e que no rio de janeiro realizou uma manifestação secundarista que enfrentou dura repressão policial sem dar um passo atrás, o que se viu na assembléia que decretou a desocupação imediata do prédio da reitoria da UFSC foi a ação de uma militância estudantil comprometida com a desmobilização e com a burocratização do movimento.

Reprisando o peleguismo visto na ocupação da reitoria da USP em 2011, que também iniciou devido a uma ação arbitraria realizada pela policia dentro do campus, na UFSC o PSTU, através da ANEL, se empenhou desde o inicio do processo em tomar as rédeas do movimento guiando o mesmo para desmobilização total e, assim como na USP, obteve novamente sucesso. Nesses quatro dias de ocupação, a burocracia estudantil aparelhou as mesas das assembléias, desgastou os estudantes puxando várias assembléias intermináveis e propagou o terror difundindo a falsa informação de que havia uma mega operação armada para desocupar o prédio da reitoria. Ao contrario da USP em 2011, não houve sequer um pedido de reintegração de posse por parte da reitoria e muito menos investida da policia contra a ocupação. Até a última assembleia, a “única ameaça” era um ato chamado pela direita que mobilizou cerca de 50 pessoas, cujo objetivo era reerguer no mastro em frente ao prédio da reitoria a bandeira nacional que havia sido substituída por uma bandeira vermelha.
Era explícito para boa parte dos estudantes, que havia um acordo entre o PSTU, PSOL, JCA e a reitoria para acelerar o fim da ocupação (pois se não desocupasse na sexta-feira, a mesma se estenderia automaticamente até segunda e a exposição midiática continuaria). Os discursos de todas essas forças estavam alinhados em amedrontar os ocupantes, se valendo da falsa operação policial (quase cinematográfica) que diziam estar em curso e em convencer a todos de que na verdade a ação policial se tratou de um golpe da direita para desestabilizar a atual gestão reitora que possui uma tendência política à “esquerda”. Vale lembrar que  a maioria da correntes estudantis de esquerda ajudaram a eleger a atual reitora atuando como cabos eleitorais e, como é obvio, possuem uma relação de fidelidade baseada em interesses institucionais dentro da UFSC. 
Mesmo possuindo a conjuntura a favor do movimento, com servidores em greve e professores em assembleia discutindo uma possível retomada da greve, eles optaram pelo corporativismo e por um recuo pelego ao invés de tentarem a unificação da luta dos três setores construindo uma greve conjunta. Por fim, novamente falaram mais alto os interesses da esquerda reformista em aparelhar movimentos objetivando manter e conquistar poder dentro das instituições do estado burguês para acumular capital eleitoral. A ocupação da reitoria terminou derrotada, pois somente foi conseguido que a reitoria assinasse o recebimento de uma carta com as reivindicações, a qual a mesma poderá tranquilamente ignorar, já que a ocupação, única arma que os estudantes tinham, foi dissolvida. Tanto a ocupação da reitoria da USP quanto a da UFSC nos mostram a necessidade da construção de um movimento estudantil classista, combativo e autônomo que faça da ação direta sua arma diária de luta. Também escancararam o papel pelego desempenhado pelo reformismo dentro do movimento estudantil no Brasil, que no caso da UFSC se torna mais nocivo, já que a maioria das correntes estudantis possui aliança declarada com a mesma reitoria que liberou a entrada da policia no campus e também possui relação orgânica com agentes da mesma policia fascista que violou a comunidade acadêmica no último dia 25 de março, pois consideraram os mesmos como parte da classe trabalhadora.
Agora que não temos a ocupação para pressionar a reitoria devemos ficar preparados para cobrir com toda solidariedade todos os camaradas que forem intimados criminalmente e planejar ações diretas, pois com certeza a repressão irá cobrar os carros tombados e a humilhante derrota imposta pelo Levante do Bosque. Por isso não podemos nos desorganizar e deixar que novamente o movimento seja aparelhado por organizações comprometidas em desmobilizar movimentos nocivos aos seus interesses institucionais, seja na academia ou no parlamento burguês. Por fim, devemos ter clareza de que a polícia que invadiu o campus é a mesma policia que assassina Cláudias, Edsons e Amarildos todos os dias. Com isso, se faz necessário construir desde já uma cultura de autodefesa no movimento estudantil. 
Policial não é trabalhador!
Fora do campus a Polícia!
Viva os combatentes do bosque!
Abaixo a burocracia estudantil!
Ousar lutar, ousar vencer!     

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